Todos estamos acompanhando as notícias das chuvas que têm ocorrido no Rio de Janeiro, e muito se tem falado que são "as forças da natureza"! Será mesmo? Natureza sempre existiu e sempre tivemos chuvs, terremotos, tsunamis, etc. Mas muitas pessoal culpam a natureza pelos desastres sem pensar que a ação do homem sobre ela é bem mais forte. Ninguém lembra de construções muito antigas, coisa de mais de cem anos atrás, como nossa Rua da Praia. O que será que vai acontecer quando o muro da Mauá for destruído? Será que não poderá acontecer uma enchente em Porto Alegre? Vocês sabem que a beira do Guaíba é toda aterrada? É falsa!!!! O nosso belo Estádio Beira Rio está sob aterro! O shopping Praia de Belas, o gasômetro, o Portal do Estaleiro... tudo isso um dia pode desaparecer.
No caso do Rio de Janeiro, e também em outros lugares, o homem destrói e invade a natureza onde não deve, sem pensar ou planejar. Muitas vezes nem imagina o que tem embaixo da terra, como em Niterói, que construíram desordenadamente em cima de um lixão, não era nem aterro tratado, e sim puro e simples lixão a céu aberto! Dá pra imaginar morar em cima do lixo com gases tóxicos e água extremamente contaminada? Este lixão foi desativado de qualquer jeito há vinte e cinco anos atrás, e as pessoas moravam, criavam filhos, compravam e vendiam terrenos e casas, enfim a vida estava sob o lixo.
Num belo dia a natureza vem com força total, na forma de chuva, e mostra o que tinha por baixo das casas. Aliás os técnicos informaram que o estrago nem foi tanto pela chuva, o desabamento foi devido ao lixo decomposto e amolecido que havia por baixo da terra, pois mesmo com pouca água da chuva o terreno desabou.
Quantos lugares no Brasil e no mundo devem ser assim, um antigo lixão? Temos vários locais próximos de nós, na Grande Porto Alegre (Viamão, Gravataí, Alvorada...) que foram habitados desta forma, desordenadamente e em locais contaminados por lixo. Depois não podemos culpar os órgãos do Governo ou a Defesa Civil por não prestar serviço corretamente ou a tempo. Sabe aquele papelzinho, bem pequeninho de chiclé, ou aquele bilhetinho sem importância que você jogou na rua achando que não ia fazer mal algum? Lembra daquele chiclé que vocês cuspiu pela janela do carro? E aquele restinho tão insignificante de óleo de fritura que você despejou no ralo da cozinha? Pois é, imagine pelo menos um milhão de pessoas fazendo isso todos os dias! Ningém viu, né? Ninguém vai te cobrar, claro! O que é um papelzinho de nada? Agora pense naquele dia de chuva torrencial que você estava de sandália de salto, voltando do trabalho, e teve que atravessar a rua alagada e cheia de sujeira boiando? O teu papelzinho estava ali, boiando junto, inerte... e o chiclé também, mastigado, meio podre mas inteiraço, colado num cigarro. Pior, gente, é toco do cigarro jogado pela janela do prédio...
Gente, vamos pensar no futuro, e o futuro é amanhã. Com certeza quem colocava lixo no lixão de Niterói há mais de trinta anos atrás nunca pensou que um filho dele pudesse morrer soterrado naquele lugar. Imaginem o pai segurando a esposa pela mão, e esta com a filhinha de três anos no colo, e este solta, sem força de segurá-la, porém os vizinhos o salvam e todos vêm a mulher e a criança serem soterradas sem poder fazer nada. São vidas, não são pedras!
Olhe um trecho da reportagem do G1:
Cerca de 40 casas foram soterradas no Morro do Bumba, no bairro Cubango, por volta das 21h. Um grupo com 150 bombeiros trabalha desde o fim da noite em busca de sobreviventes e vítimas.
Até o início da manhã desta quinta, seis corpos haviam sido encontrados e havia 51 feridos. Mais de 20 pessoas foram resgatadas com vida. De acordo com as autoridades, cerca de 600 metros de terra foram deslocados.
“A informação que tínhamos era de um grande deslizamento. Subi o morro e comecei a sentir um cheiro estranho. Quando acendi a lanterna, vi que estava em cima de lixo", relata Côrtes, que acompanha as buscas. "Os moradores disseram que isso era um aterro sanitário. As casas foram construídas sobre o aterro".
"Isso foi assustador. Depois, mais assustador, foi ver, com uma imagem do Google, que aqui existiam 40, 60 casas. Tinha até uma pequena pizzaria, uma pequena igreja. Então quase uma comunidade inteira foi soterrada”. Segundo o secretário, os efeitos do deslizamento podem ser maiores que o que se pensava. "A luz do dia dá uma perspectiva muito mais grave em termos de perda de vida."
Muitas vezes me revolto com algumas pequenas coisas que vejo e falo, sem medo, para o autor do "crime". No trenzinho do Morro do Corcovado um turista atirou, sem vergonha nenhuma, uma garrafinha de água pela janela, em plena Floresta da Tijuca, uma reserva florestal! As pessos quase o linxaram! Chamaram-no de tudo que é coisa! Eu fiquei P com isso, indignada! Chamo de porco, de relaxado, e de tudo que for preciso! Se eu puder ainda mando juntar e colocar no lixo! Se todos nós agirmos assim com certeza a situação vai melhorar.
Podemos começar em nossas pequenas comunidades: primeiro em casa, depois no local de trabalho, na escola, na faculdade, no condomíno, enfim, comecemos no nosso ambiente. Com certeza nossos filhos se criarão melhor e o mundo deles será bem melhor!
Vamos colaborar, gente!
(texto de minha autoria)